agronegócio

Área de trigo deve cair quase 30% na Região Central

Eduardo Tesch


Foto: Emater
Trigo está no início da safra. Produtores reclamam do preço e de concorrência do Mercosul

As áreas destinadas ao plantio de trigo e de outras culturas de inverno são cada vez menores no Rio Grande do Sul. Segundo dados da Emater, na safra passada, a área destinada ao plantio de trigo na Região Central foi de cerca de 45 mil hectares. Já este ano, a área não passa de 32 mil hectares, o que significa redução de quase 30% nas lavouras.

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Diversos fatores fazem com que produtores destinem cada vez menos área fértil ao cultivo de trigo. A inconstância do preço da saca do grão; dificuldades climáticas e a concorrência com o trigo vindo da Argentina e Uruguai são reclamações constantes dos produtores na região, como diz o presidente do Sindicato Rural de Cruz Alta, Daniel Jobim:  

- Em Cruz Alta, tivemos uma redução de 20% na área plantada. A cultura do trigo é muito inconstante. Quando se colhe bem, o preço está baixo, fica difícil trabalhar assim. Além da concorrência com o Mercosul, que é completamente desleal com os produtores daqui do Estado.

Em Tupanciretã, a situação não é diferente. Se a cidade é a maior produtora de soja do Rio Grande do Sul, com cerca de 150 mil hectares plantados na última safra, o trigo não tem, nem de perto, o mesmo protagonismo. Para o presidente do Sindicato Rural da cidade, Fernando Cunha, as culturas de inverno perderam muito espaço para a soja no município.

- No ano passado, tivemos um plantio acima de 12 mil hectares, esse ano não passa de 9 mil. A canola, outra cultura de inverno, praticamente inexiste: um pouco mais de mil hectares, quando em outros anos já chegamos a quase 10 mil. Durante muito tempo, os produtores tinham as culturas de inverno coo uma alternativa de renda, mas isso está acabando - afirma.

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Uma das grandes reclamações dos produtores é a relação desleal com os países da América do Sul. O trigo, oriundo principalmente da Argentina, é importado com um preço menor do que é praticado no Rio Grande do Sul. Para o presidente da Emater Regional, Rodrigo Cadó, isso acaba praticamente inviabilizando a cultura no Estado: 

- É bom para o resto do país, mas, por outro lado, é péssimo para o Rio Grande do Sul. É desleal com o produtor daqui. Como na Argentina eles têm um custo de produção menor que o nosso, é claro que o grão vai vir mais barato do que o produzido aqui.

JUROS MAIS ALTOS 
Além da concorrência com o mercado sul-americano, os produtores reclamam da falta de incentivo por parte do governo federal. As taxas de juros para financiamentos de culturas de inverno são maiores do que para culturas de verão, como a soja.  

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- Em Júlio de Castilhos, a área plantada de trigo caiu mais de 50% em apenas um ano. O produtor não está capitalizado e o governo não ajuda com taxas melhores de financiamento. O resultado é esse, a diminuição constante da área plantada de trigo, não só em Júlio de Castilhos, mas como em todo o Estado - reclama o presidente do Sindicato Rural de Júlio de Castilhos, Rodrigo Martins.  

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